Olho d'água, v. 6, n. 2 (2014)

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O grotesco e o humor no cinema naxisploitation: a desconstrução do ideal estético nazista

Viviane Dantas Moraes

Resumo


Em sua sétima tese “Sobre o conceito de História (1939)”, Walter Benjamin afirma que ‘nunca houve um monumento de cultura que não fosse também um monumento de barbárie’. Ou seja, no contexto de guerra o qual o filósofo viveu, previra, de certa forma, que o século XX seria profícuo em relação à produção artística. A propósito, em nome da própria cultura, nunca houve tanto genocídio. Nesse sentido, o nazismo enquanto representante de uma das maiores catástrofes do referido século, a shoah, se revela como potência destruidora impulsionada pelo antagonismo que se sustentou num ideal de superioridade da raça ariana. O documentário “Arquitetura da destruição (1989)” nos elucida a relação entre um ideal estético de beleza e pureza que reinava na arte clássica como um dos pilares da ideologia nazista. A raça tinha que ser pura e ter a simetria das formas. No entanto, a produção cultural pós- segunda guerra, inspirada nas

consequências do nazismo, desconstruiu esse ideal em várias manifestações artísticas, dentre elas, no cinema. Por volta da década de 1970, vários países, sobretudo aqueles que foram ocupados pelos alemães durante a segunda guerra, como Itália e França, passaram a produzir uma leva de filmes com a temática nazista, mas traçando uma linha subversiva ao que se considera a sétima arte. Esse conjunto foi denominado Nazixploitation e é considerado um subgênero cinematográfico. Deste modo, a estética do Nazixploitation se configura na estética do grotesco que tem como essência a deformidade. Assim sendo, esse trabalho busca traçar uma relação entre os efeitos de grotesco aliados ao cômico e ao ridículo em contraponto ao ideal esteticonazista, ou seja, a busca pelo sublime inspirada na arte clássica provocou o surgimento de uma ideologia da barbárie.

 

In his 7th thesis “On the Concept of History (1939),” Walter Benjamin says that ‘there has never been a monument of culture that was not also a monument of barbarism’. That is, in the context of war which the philosopher lived, he had predicted, in a way, that the 20th century would be fruitful in relation to the artistic production. By the way, in the name of culture itself, there has never been much genocide. In this sense, Nazism as a representative of one of the greatest disasters of this century, the Shoah, is revealed as destructive power driven by antagonism that held an ideal of superiority of the Aryan race. The documentary “Architecture of Destruction (1989)” elucidates the relationship between an aesthetic ideal of beauty and purity that prevailed in classical art as a pillar of Nazi ideology. The race had to be pure and to have the symmetry of form. However, the post-World War II cultural production, inspired by the consequences of Nazism, deconstructed this ideal in various art forms, among them, in cinema. By the 1970s, many countries, especially those that were occupied by the Germans during the Second World War, as Italy and France, began to produce a batch of films with Nazi theme, but drawing a subversive line to what is considered the seventh art. This group was called Nazixploitation and is considered a cinematic subgenre. Thus, the aesthetics of Nazixploitation configures the grotesque whose essence is deformity. Therefore, this paper aims to link the effects of the grotesque allied to the comic and the ridicule as opposed to the Nazi Aesthetic ideal, that is the search for the sublime inspired by the classic raised the emergence of an ideology of barbarism.


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