O presente trabalho investiga as figurações do mal no romance O Sertanejo (1875), de José de Alencar, debruçando-se sobre as imagens do diabo, em particular, as inscritas no tema do pacto diabólico e no imaginário da demonização de outras culturas no espaço agreste. O estudo do romance se dá mediante o diálogo com obras literárias divulgadas na imprensa periódica dos oitocentos (1860-1880), produções dedicadas particularmente à temática do pactário e obras cuja matéria envolve as culturas e a vida do povo das regiões provincianas ou rurais, atestando vívido interesse intelectual pelo sertão. A maneira pela qual o sertão é delineado em O Sertanejo e em ficções contemporâneas a ele que recebem espaço nos jornais resulta em um universo misterioso e desconhecido, eventualmente, permeado por atmosfera sobrenatural. Sob o signo dos temas diabólicos, a figura do pactário traz à representação do sertão reminiscências de temas caros ao romantismo, como o gênio, a rebeldia satânica, o herói assinalado, os quais têm no Fausto, de Goethe, espécie de epítome. O romance de Alencar articula, assim, dois elementos relevantes para a literatura romântica, a saber a representação verossímil da cultura popular, a qual é compreendida em termos românticos como esteio da nacionalidade, e o cultivo dos aspectos extremados da imaginação.