Olho d'água, v. 1, n. 2 (2009)

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Vida, vitalidade e espiritualidade:teologia e literatura em Machado de Assis

Douglas Rodrigues da Conceição

Resumo


Depois da recepção do pensamento nietzschiano, sobretudo, com o problema da morte de Deus nos espaços da modernidade, o pensamento teológico, diante do colapso e superação da metafísica, perde a direção e sustentação de seu discurso acerca de Deus. A morte de Deus pôde apontar para um esvaziamento total da compreensão do divino como o lugar de efetivação e manutenção causadora, de correção do caráter aporético do real e de fundamentação absoluta de princípio. Admitimos, inicialmente, que parte da literatura do século XIX, frente ao impacto provocado sobre o pensamento teológico e seu evidente “silêncio” através do legado nietzschiano, configura-se como lugar que abriga novas possibilidades do falar sobre Deus, a partir da dimensão antropológica que emerge desses textos literários. Nosso olhar hermenêutico foca-se no legado machadiano, sobretudo, no que denominamos sua trilogia (Dom Casmurro, Memórias póstumas de Brás Cubas e Memorial de Aires). De tais romances eclode uma reorientação humana que se direciona ao transcendente, todavia, sem exceder os limites da vida imanente. Dessa forma, embora nos distanciando das formulações dogmáticas da teologia tradicional, seremos partidários do conceito de transcendência imanente de Jürgen Moltmann, que possibilita a busca e o encontro com o transcendente nos limites do mundo possível. Esta interface circunscreve-se dentro dos crescentes diálogos travados entre teologia e literatura.

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